“... pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não
sois, porventura, carnais e não andais segundo os homens?” ICo 3:3.
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ouve algumas vezes
que me deparando com algumas situações vivenciadas pelos irmãos da igreja de
Corinto, eu me questionava: “como pode esses irmãos conhecerem o evangelho e se
comportarem de tal forma?” Só para você ter uma ideia de alguns dos motivos que
me levaram a pensar assim: Os coríntios se dividiam entre grupos dentro da
igreja, de um lado os de Apolo, de outro os de Paulo, e ainda tinha os de
Cefas. (I Co 3).
Durante a santa
ceia, celebração para recordar a morte e ressurreição do Senhor, a festa do
amor, alguns coríntios comiam tudo e se embriagavam, enquanto outros ficavam
famintos. (I Co 11). E havia até filho que mantinha relações sexuais com a
própria madrasta. (I Co 5) Deu para sentir a situação? Se você for como eu,
você já se questionou, pelo menos uma vez, como Deus pôde usar irmãos como
esses. Graças a Deus que o Senhor não pensa e muito menos age como nós.
Bem, mas como já
dizia o sábio Salomão em Eclesiastes (1:9), “nada é novo debaixo do sol”.
Exatamente isso! Eu gostaria de te perguntar se o comportamento dos nossos
amados irmãos coríntios não te faz recordar de um irmão que seja seu vizinho,
colega de trabalho ou quem sabe até aquela pessoa que você vê no reflexo do
espelho.
Pois é! Terminado
mais um pleito eleitoral em nossa cidade, acho que temos bastante material
exemplificativo sobre esse assunto. Talvez, se eu tivesse dispensado a
introdução e ido direto ao ponto X do nosso post de hoje, você já tivesse
acionado seu gatilho da memória e relembrado uma serie de situações
desagradáveis vivenciadas durante o período de eleições municipais este ano. E
o pior de tudo, a maior parte dessas situações incomodas para não dizer degradáveis
foram protagonizadas por irmãos.
Acho até, que se
Paulo fosse proferir esse discurso do capitulo 3 de coríntios a muitos irmãos
contemporâneos, ele deveria acrescentar a sua lista mais alguns adjetivos
pejorativos. Mas, assim como na igreja de Corinto, Paulo sabia que era tantos
problemas que resolveu resumir tudo em “crentes carnais” uma sábia atitude que
por questões de tempo também adotamos aqui. Visto que se fosse descrever o
indevido comportamento de alguns durante esse período eleitoral com adjetivos negativos,
um post não seria suficiente.
Bem ao findar de
toda guerra, é momento de fazer o levantamento das percas. Nessa “guerra” política
em nossa cidade também não é diferente. Agora nos questionamos como ficaram
agora os feridos e os que feriram? Infelizmente muitos relacionamentos dentro
das igrejas (congregações), serão ou já estão comprometidos por questões
partidárias. Já que alguns crentes carnais esqueceram-se que os que creem em Cristo
já são de um mesmo partido. “quem não é contra mim, é por mim” (Mc 9:40), disse
Jesus. Mas, alguns assim como os coríntios, preferiram escolher partido A, B,
ou C e travar uma luta incessante contra aqueles irmãos que por uma questão
unicamente pessoal, (em nosso caso o voto é livre, e, portanto você vota em
quem quer.) decidiram votar em um partido oposto. Em consequência vieram às
intrigas provocadas por irmão que chacoteia o outro com insinuações de derrotismo,
palavras degradantes e humilhações variadas, sejam elas realizadas pessoalmente
e nas horas vagas nas redes sociais. Espero que você entenda que esse
pensamento de decepção independe de quem “ganhou” ou “perdeu”. Escutei de ambas
as partes comentários de frustração com relação a irmão fulano ou sicrano que “me
decepcionou demais nessa campanha”.
E eu agora lhes
pergunto quem ganha e o que se ganha com isso? Talvez fosse melhor perguntar, quem
perde com esse tipo de situação? Eu lhes respondo. Primeiro, a igreja do Senhor
que é dividida por dissensões inúteis e imundas e depois, claro, o próprio nome
do Senhor que é desonrado quando o mundo ver aqueles que passam o ano inteiro pregando
o Deus do amor, a cada quatro anos tirar férias dessas idéias de ame ao próximo
como a si mesmo, em substituição por “ame primeiro a si mesmo e depois se não
me prejudicar eu amo meu irmão”.
É como a própria
palavra nos adverte ao dizer que, “se o sal usado para salgar for insípido,
para que serve se não para ser pisado pelos homens?” (Mt. 5:13-16) Nós, a
igreja do Senhor somos os que verdadeiramente sofremos, pois ficamos em parte desacreditada
perante os homens. Visto que, infelizmente as pessoas tem um péssimo hábito de
tomar a parte pelo todo. Julgando o comportamento indecente de alguns como
sendo o proceder de toda a noiva do Senhor, ou seja, a própria igreja.
É bom sermos
cidadãos, Jesus nos deu o modelo perfeito de cidadanismo. Ele mesmo, tendo
nascido como homem em um período em que seu povo era propriedade política de
Roma, nunca se rebelou as autoridades constituintes por discordar de seu
proceder ou sequer induziu aqueles que os seguia a tal comportamento. Muito
pelo contrario, quando questionado por Pedro se eles deveriam dar impostos ele
foi bem claro “daí a César o que é de Cesar” (Mc 12:17). Entendeu? Para exercer
sua cidadania, você não precisa, ou melhor, você não deve abdicar da sua cidadania
celestial. Somos cidadãos do céu, essa não é nossa pátria definitiva, é bom que
você esteja ciente disso. Enquanto formos crentes carnais, não poderemos ouvir
o que Deus tem para nos ensinar como espirituais. Paulo disse no capítulo 3 e
versículo 1 de sua carta aos coríntios que não poderia lhes falar como a
espirituais, mas como carnais, como a meninos em Cristo. Você consegue perceber
o que você perde de amadurecimento, de experiências espirituais em Cristo
enquanto for apenas menino no seu proceder cristão? Não damos alimento solido,
ou seja, mais consistente para crianças, lhes damos apenas o básico para sua
sustentação, ela não pode saborear as delicias dos manjares porque ainda é
menino. Veja o que nos diz o escritor da carta aos Hebreus “Porque qualquer que
ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da
justiça, porque é menino. Mas o mantimento solido é para os
perfeitos, os quais, em razão do costume, tem os sentidos exercitados
para discernir tanto o bem como o mal.” (5:13-14). (grifo nosso), Você consegue
compreender agora tudo que você e eu perdemos enquanto formos apenas crentes
carnais?
Deus em sua
infinita misericórdia nos conceda graça para aprendermos e desfrutarmos
diariamente do solo mantimento que Ele já tem preparado para saborearmos em
Cristo.
“Oh! Quão bom
e quão suave é que os irmãos vivam em união”!
(Sl 133:1).
Helena Fernandes
(Os textos aqui
apresentados são de total responsabilidade de seus autores, não representando
necessariamente o ponto de vista desta igreja).


